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Cuba! By Gabrielle Guimarães

Quando eu decidi viajar pra Cuba eu não sabia muito de lá, além de que se tratava de um país socialista. A viagem me surpreendeu muito positivamente, então resolvi compartilhar um pouco da experiência com vocês!
 

 
Planejando a viagem
Eu sempre fui do tipo que não gosta de planejar as coisas. Gosto de chegar nos lugares sem planos e deixar acontecer. Eu só sabia que eu queria passar uns dias na praia em Varadero e de resto queria deixar a vida me levar. Não planejei muito, reservei a casa de família em Varadero pelo Airbnb, e peguei eu voo. Dica #1: não façam isso de não se planejar em Cuba (vocês já vão entender o porquê). Dica #2: as casas de famílias são o meio mais econômico e legal de se hospedar na ilha.
 
 
Chegando em Havana
Quando a gente chega lá de cara já percebe que parece que estamos nos anos 70. Pra trocar dinheiro no aeroporto fica um policial ao lado do guichê de câmbio e quem trabalha no guichê não tem autorização pra te falar se existem outras cotações mais baratas fora do aeroporto. Uma curiosidade é que la tem duas moedas, o peso cubano e o peso conversível (esse que os turistas usam). Dica #3: Leve tudo em euro porque pra trocar dólares lá voce paga uma taxa de 12% só por ser dólar. 
 
Depois de pegar um taxi coletivo do aeroporto pra Havana, eu precisava achar um lugar pra dormir por uma noite, pois só ia pra Varadero no dia seguinte. Precisei de internet, e mais uma vez parece que voltei no tempo. Para ter acesso à rede voce precisa comprar um cartao e digitar o codigo que tem no cartão pra fazer login numa conexão muito ruim. Os cartões te dão opção de 1h de acesso e não custava muito caro. Minha surpresa foi na hora de entrar no site do airbnb pra reservar um lugar: o site não pode ser acessado de Cuba! Por isso eu disse antes que é necessário planejar tudo e reservar tudo do Brasil. Passei um perrengue aí. 
 
 
Comendo e bebendo
Eu tava querendo fazer uma viagem low cost, então nada de restaurantes turísticos caros. Eu só fazia minhas refeições em restaurantes pequenos e bairristas. Daqueles que são montados na sala da casa das pessoas. Preço ótimo pra um pratão de comida do dia a dia (arroz, feijao, carne e salada). É muito interessante quando você percebe que muitas casas tem restaurantes e bares nas proprias salas. Isso acontece porque há alguns anos o governo liberou que os cubanos fizessem esse tipo de comércio (pagando uma licença, claro) para terem uma renda extra, assim como liberou que alugassem os quartos das casas para estrangeiros possam se hospedar. Dica #4: Quando voce se hospeda ou come nas casas de familia, além de ser tudo delicioso e bem típico cubano, você esta ajudando a população! Agora, se você quer cozinhar em casa tem que ter uma certa paciência porque eu quis fazer isso mas os produtos que você encontra nos mercados são muito escassos. Você vai um dia e compra queijo, volta no outro dia o queijo acabou e não tem previsão de reposição. Ovo? Eu procurei ovo em todos os lugares possíveis pra fazer café da manhã e simplesmente não tinha. Em algum momento eu vi uns ovos numa vendinha e pedi pro vendedor e ele me disse que não podia me vender, que os ovos eram apenas pra quem era cubano e que tinha o cartão do governo pra pegar. 
 
 
Voltando pra parte turística, também vale uma ida nos bares super turísticos de Havana, como o La Floridita (onde foi inventado o Daiquiri) e La Bodeguita del Medio (considerado o melhor mojito). Ambos eram frequentados pelo consagrado Ernest Hemmingway, sempre lotados, com música boa típica cubana. 
 
Varadero
Fui pra Varadero num taxi coletivo que custa o mesmo preço dos onibus e é mais barato. Geralmente pra conseguir um é só ir pra rodoviária que eles estarão la na entrada oferecendo a viagem. 
 
Chegando lá, uma praia de 22km de extensão de águas cristalinas do caribe. Perfeição. Metade da praia são resorts gigantescos all inclusive, mas eu fiquei na parte humilde cubana. Lá não tem muito o que fazer além de praia durante o dia. A noite tem um bar dos Beatles (isso mesmo!) que bomba de estrangeiros e toca muito rock ou um bar bem típico que toca salsa e tem dança cubana. 
Eu queria descansar, então acabei ficando 6 dias lá e foi a melhor coisa que eu fiz! 
 
 
Trinidad
Depois de Varadero eu resolvi ir pra Trinidad meio sem saber o que ia encontrar lá. Só sabia que tinha trilha e cachoeira, por isso eu fui. Chegando la eu vi a cidade mais linda que passei em Cuba. A cidade é lindíssima e literamente um museu a céu aberto, com muitas atividades tanto diurnas quanto noturnas! Aluguei uma bicicleta com a propria família que estava me hospedando e pedalei 16km pra Playa Ancon. Foi ótimo, mas a bicicleta velha e reciclada fez eu ter o donro de esforço pra chegar até a praia. Nos demais dias eu fui para as cachoeiras nos parques que tem aos arredores de Trinidad. Recomendo a Vegas Grandes, uma das mais lindas que eu ja fui. Pra ir para as cachoeiras recomendo pesquisar um taxi coletivo que te leve ate os pontos de trilha mais proximos! Eles aguardam a sua volta e custam mais baratos que os tours de agências!
 
A vida noturna é agitadissima na Casa de la Musica, com música cubana típica numa praça enorme que tem bares por todo lado. Um lugar muito boêmio. Encontrei bares com drinks bem em conta! Mas o mais legal da noite de Trinidad foi ter ido a uma boate dentro de uma caverna! Isso mesmo, dentro de uma caverna gigante! Não era caro pra entrar e dava direito a um drink! 
 
 
Havana
Ao voltar pra Havana me hospedei em um bairro bem humilde da capital, mas nao muito longe do centro. Andei muito por lá e pela parte turística, linda, com museus da revolução e tudo muito conservado. Os taxis antigos levando pessoas pra cima e pra baixo, o Capitolio, as praças, tudo deixa a Havana muito charmosa! Fui para uma boate que se chama La Fabrica de Arte Cubana, onde durante o dia funciona uma galeria de arte e a noite uma boate. Um lugar frequentado por poucos turistas e muitos jovens alternativos cubanos. Acredite: existem hipsters em Cuba! Mas longe de todo burburinho turístico eu pude perceber que grande parte da população é realmente pobre. Ônibus reciclados de outros países (cheguei a ver um onibus escrito “barcelona”), carros muito velhos, trânsito caótico, ruas sujas, tudo muito barulhento. Mas foi muito boa essa experiência, porque ao mesmo tempo você percebe que não existe miséria no país. O cubano pode ser humilde, mas todo mundo tem o mínimo pra viver: comida na mesa gratuitamente (com uma qualidade não tão boa), saúde (de otima qualidade), educação (de ótima qualidade). Pude conversar com todo tipo de gente em Cuba, desde pessoas que idolatram o Fidel e a revolução até jovens que se sentem oprimidos e querem fugir do país. É difícil formar uma opinião sobre a situação de lá. O bom é voce mesmo ir e tirar suas próprias conclusões, que tal?